Semana de Copa do Mundo e, claro que a gente quis relembrar um personagem bem conhecido da Copa do Mundo de 2018, da Rússia. Quem não se lembra dele? 

Branco, pesando 4,7 quilos e esbanjando problemas físicos, como a surdez completa e o rabo quebrado, que o impossibilitavam de manter o equilíbrio com a postura ereta, obrigando-o a andar com o peito colado na superfície, Aquiles tinha tudo para ser apenas mais um dos 70 gatos que protegem o Museu do Hermitage, em São Petesburgo, dos roedores. Mas quis a sorte, um outro destino mais nobre para esse felino: ser o amuleto dos jogos da Copa do Mundo de 2018 na Rússia.

Aquiles angariou destaque na imprensa internacional pela precisão com que adivinhava  alguns resultados de partidas do torneio antes mesmo de serem realizadas. O gato acertou as vitórias da Rússia sobre a Arábia Saudita, na abertura do torneio, e contra o Egito. Aquiles ainda previu a derrota do Marrocos contra o Irã na fase de grupos e previu a vitória do Brasil contra a Costa Rica, que se concretizou em 22 de junho de 2018. Quatro jogos, quatro acertos. No entanto, a fase de acertos do bichano não durou muito, já que ele errou ao prever que a Suíça ganharia da Suécia e que a Nigéria ganharia da Argentina. 

Assim, Aquiles não conseguiu repetir a façanha do polvo Paul, responsável por prever corretamente os jogos da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, chegando a acertar que a Espanha seria a campeã da final. 

Como ele fazia as previsões?

Funcionárias do Museu começaram a dispor dois potes com ração e, ao lado de cada recipiente, as bandeiras dos países que teriam algum confronto direto no torneio. Tudo o que Aquiles deveria fazer era escolher um lado e comer, dando vitória para a equipe cuja bandeira decorava o pote. Em caso de recusa, compreendia-se que o gato atribuía um empate como resultado final. 

A simples brincadeira acabou rendendo fama ao felino, que, um ano antes da Copa do Mundo, em 2017,  previu a vitória da Alemanha na Copa das Confederações, o que ocorreu contra o Chile por 1 a 0. E mais recentemente, em 2021, o felino voltou a acertar suas previsões, desta vez, ele previu a vitória da Espanha sobre a Suíça na Eurocopa. 

Aquiles não é o primeiro animal escolhido para tentar repetir o impressionante sucesso do polvo Paul, famoso por acertar suas previsões sobre as partidas do Mundial da África do Sul, em 2010. O periquito Mani também saiu nos jornais da mesma época. Também em 2018, um porco chamado Marcus previu os resultados da Copa do Mundo de 2018, do vencedor do Torneio de Wimbledon e o resultado do Brexit, mostrando que os bichinhos adivinhadores se tornaram um clássico em grandes torneios. 

A ciência por trás da clarividência

Apesar da crença popular quanto à clarividência do gato, especialistas afirmaram que Aquiles não podia prever o resultado da Copa do Mundo. “Eu não estou convencida”, disse Kristyn Vitale, pesquisadora de gatos no Laboratório de Interação entre Humanos e Animais da Universidade do Estado de Oregon. “Não há pesquisas sobre este tipo de coisa”.

“Gatos sabem distinguir quantidades”, disse Vitale. Ela adiciona que os treinadores poderiam estar involuntariamente colocando mais comida em um dos potes, e que o gato poderia estar escolhendo a tigela com mais comida. “Qualquer animal consciente possui a habilidade de olhar o mundo ao seu redor e fazer associações”, concluiu a pesquisadora.

Esta não foi a primeira vez que a clarividência de um animal foi questionada. Em 2005, o gato Oscar começou a ganhar a reputação de ter a capacidade de dizer quando pacientes com demência estariam perto do fim. Ao chegarem perto da morte, o felino, geralmente tímido, saía de seu esconderijo para confortar os pacientes em seus momentos finais. 

“É um fenômeno cultural interessante, o fato de consultarmos os animais para que eles prevejam as coisas”, diz Vitale. Já Lori Marino, neurocientista e especialista em comportamento e inteligência animal, destaca que “não há evidências científicas substanciais que comprovem a existência de habilidades psíquicas sobrenaturais”, diz Marino. “Deixemos que os animais sejam animais e vamos parar de transformá-los em objetos e mercadorias”, concluiu. 

E você, o que pensa a respeito? Gatos são mesmo capazes de prever o futuro? Deixe a sua resposta aqui nos comentários 👇🏼

Fontes:

National Geographic Brasil – https://bit.ly/3UHOiu3 

Aventuras na História – https://bit.ly/3UUG1T7 

GZH Copa do Mundo – https://bit.ly/2LNjeWt 

TrendsBR – https://bit.ly/3tuHOCR 

Foto capa: Dylan Martinez/Reuters

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