Você decidiu trazer mais um membro de quatro patas para a família. Até aí, tudo ótimo! Só não contava que a adaptação desse novo morador com os atuais, não seria assim tão simples, né? 

Mas nem tudo está perdido! Preparamos um conteúdo exclusivo que vai te ajudar na introdução do novo gato em casa. É só continuar a leitura 😉

Introdução estruturada: o que é isso?

Toda a introdução de um novo gato na casa deve ser estruturada porque envolve diversos procedimentos para que os gatos possam viver em harmonia. E isso leva tempo e requer muita paciência por parte dos tutores. A introdução de um novo gato no lar leva, em média, 6 meses para acontecer de forma natural e sem conflitos. 

Portanto, nunca se deve fazer uma introdução de forma abrupta, ou seja, em poucos dias deixar os gatos todos juntos dentro de um mesmo ambiente ou espaço. “É preciso entender que para os gatos que já estão na casa, o novo morador não é um irmão. Ele é um gato invasor”, explica a veterinária especialista em psicologia animal, Larissa Rüncos. Larissa tem um perfil no Instagram (@larissaruncos) onde explica de forma bem didática sobre este e outros temas relacionados aos gatos.

Os especialistas chamam essa introdução de estruturada e essa metodologia leva este nome porque envolve uma estrutura, um passo a passo ou uma sequência natural para que o novo gato possa ser introduzido na família sem maiores problemas ou traumas. 

Mas para entender como essa introdução é feita, é preciso antes disso, entender como os gatos vivem na natureza. 

Vivendo na natureza

O comportamento natural dos gatos é viver em colônias, formando grupos sociais. Mas para que esses grupos sejam formados, os novos gatos precisam ser aceitos pela gataria ou grupo. Para isso, normalmente eles desenvolvem uma sequência de comportamentos à distância como troca de olhares, de cheiros e aproximações gradativas. Somente depois desses comportamentos é que ele é ou não aceito pelo grupo. “É mais ou menos como o relacionamento dos humanos quando decidem morar juntos. Para formar uma família, nós também temos uma sequência de comportamentos, como se conhecer, ver se temos afinidades, se vai dar certo”, explica Larissa. Com os gatos acontece a mesma coisa. 

Respeite a natureza comportamental do animal

Se você quer fazer uma introdução estruturada de um gatinho em sua casa, as palavras de ordem são: paciência e persistência. Isso porque é importante dar aos gatos que já estão na casa a oportunidade de, no seu tempo, irem aceitando o novo membro da família para que no futuro, eles se tornem grandes amigos e vivam em harmonia. Forçar uma adaptação só traz prejuízos e aumenta as chances dos gatos apenas se “tolerarem” para o resto da vida. 

Etapas da introdução do gato em casa

De acordo com os especialistas, listamos aqui seis etapas fundamentais para o processo de introdução estruturada do novo gatinho em casa. Se você seguir a cada uma delas, com certeza, fará a melhor adaptação possível do novo gato. Confira:

1 – Leve em conta o comportamento dos seus atuais gatos

Se você já tem gatos em casa e está trazendo mais um membro para a família é importante considerar, antes de tudo, como é o comportamento dos seus atuais gatos. Pergunte-se: eles são sociáveis? Como é o temperamento deles? Que idade eles têm? Sim, avaliar até mesmo a idade dos gatos da casa e do novo morador é importante porque filhotes tendem a ser mais bem aceitos por outros gatos, tornando essa adaptação mais fácil e rápida. Lembre-se que os atuais gatos terão que aceitar o gato que está chegando e isso nem sempre é tarefa fácil já que os gatos antigos é que são os verdadeiros donos daquele lugar. O território é deles. Por isso, seja paciente e respeite o tempo dos seus gatos! Dá trabalho, mas se você fizer o processo direitinho, não haverá brigas nem conflitos entre os felinos. 

2 – Tenha o acompanhamento de um terapeuta durante o processo

Sempre que possível é fundamental ter o acompanhamento de um terapeuta de animais no processo de introdução estruturada porque todo o processo envolve variáveis e ajustes que deverão ser feitos ao longo do tempo, e ninguém melhor do que um profissional para indicar o melhor caminho.

3 – Reserve um lugar separado para o novo gato

Prepare um espaço novo e confortável para o gato recém chegado, com tudo o que ele necessita: cama, comedouro, bebedouro, arranhador, caixa de areia, brinquedos e outros estímulos, afinal, esta será a sua nova morada pelos próximos 30 dias. Sim! O novo gato deve ficar isolado dos demais por esse período para que não haja confrontos. Não deve haver contato visual entre os gatos da casa e o novo morador, portanto, mantenha-o em um lugar seguro e protegido. Um cômodo da casa deve ser reservado só para isso, de preferência, um cômodo menos favorito pelos demais gatos, já que o novo morador terá que ficar ali por um bom período. 

4 – Comece as trocas de cheiros

Passada essa primeira fase do isolamento, você pode, aos poucos, começar com a troca de cheiros. Faça isso de maneira gradual e observe sempre a reação dos seus felinos. Se houver sibilos, rosnados e tensão, retroceda e espere por mais um tempo. 

Os gatos por sua essência são olfativos então você precisa começar a deixar os odores da casa homogêneos. Troque gradativamente os objetos como comedouro, arranhador, camas, caixa de areia. Deixe que o seu novo gato sinta o cheiro dos demais gatos da casa e vice-versa. Uma dica da veterinária Larissa Rüncos é esfregar um pano limpo nas bochechas dos gatos atuais quando eles estiverem bem felizes, ronronando, e depois, esfregar o mesmo pano, no rosto do novo gatinho. Isso vai fazer com que ele sinta que os outros gatos estão felizes, aumentando a tolerância entre eles. 

5 – Hora de trocar de cômodos

Os felinos já se acostumaram com as trocas de cheiro? Ótimo!!! Você está quase lá no processo de introdução estruturada. O próximo passo é trocar os gatos de cômodo, por alguns minutos ou horas. Comece colocando os seus gatos em um cômodo da casa. Solte o gato que chegou a pouco tempo e deixe ele explorar a casa. Ele vai subir no sofá, fazer necessidades na caixa de areia dos outros gatos, beber água ou comer a ração deles. Tudo bem!!! É assim mesmo!!!

Depois, em outro dia, faça o mesmo com os gatos da casa. Solte-os no quarto onde o novo morador está hospedado e deixe que eles explorem o local. Não esqueça de deixar todos os gatos confortáveis então não force nenhuma situação. Respeite o tempo dos seus gatos. 

6 – Inicie o contato visual

Os gatos agora já estão acostumados com os cheiros uns dos outros então é a hora de começar o contato visual entre eles. É importante que esse contato seja feito aos poucos e que sempre seja acompanhado e associado a um momento agradável, como a hora do sachê, por exemplo. Você pode colocar os comedouros dos gatos da casa próximos à porta onde o novo morador está hospedado e também está se alimentando e abrir uma fresta da porta. Isso já é o suficiente. Repita isso por vários dias e, aos poucos, vá diminuindo as distâncias e barreiras entre eles. Você saberá que a introdução estruturada deu certo quando os gatos ignorarem uns aos outros. “Quando o gato aceita o novo gato no território, ele o ignora”, explica Larissa. 

Prepare-se: existe a possibilidade de nunca dar certo

Você já viu que introduzir um novo gato em casa não é um processo rápido, então quanto mais você procurar apressar as coisas, maior a possibilidade de cometer erros. Mas é bom estar ciente de que, mesmo que todo o processo seja feito corretamente, respeitando o tempo dos gatos, existe a possibilidade de que essa convivência entre eles nunca dê certo. Por quê?

Basicamente porque os gatos escolhem com quem eles querem conviver, então pode ser que eles apenas se tolerem ao longo do tempo. Mas se essa convivência for harmônica, tudo bem! Sua missão já foi concluída com sucesso! Se por algum motivo você perceber que a introdução foi errada e que seus gatos se mantêm em pé de guerra, você pode também promover a reintrodução. 

A introdução estruturada do Feynman e da Marie Curie

Évelin e seu gato Feynman

Feynman é o gato da Évelin Oliveira, que mora em Pinhais, no Paraná. Eles estão juntos há um ano e três meses, mas há poucas semanas ela adotou a Marie Curie e teve que fazer a introdução estruturada dos dois. 

Évelin conta que no começo a adaptação foi difícil. “Nos dois primeiros dias o Feynman ficou muito estressado. Ele não se adaptou com a chegada dela. Colocamos ela num cômodo separado, eles não se viram, mas mesmo assim ele não gostou. Ficou rosnando, bem nervoso e estressado”, conta. 

Mas com o passar dos dias, o Feynman foi se acostumando com a nova moradora e se adaptando ao cheiro dela. “A Marie está super bem e o Feynman agora se acostumou e tenta chegar perto de onde ela está para brincar por debaixo da porta”, conta Évelin. 

A adaptação não está totalmente concluída, mas já teve grandes evoluções. Uma das coisas que ajudou Évelin no processo, foi o livro “Introdução estruturada de um novo gato em casa”, da veterinária Larissa Rüncos. “ O livro fala sobre a adaptação do novo gato em casa e estamos seguindo o passo a passo para que a adaptação deles realmente seja boa e que no futuro não haja nenhum problema”, explica.

Além do conhecimento, Évelin buscou paciência e perseverança para lidar com a transição, sempre respeitando o tempo dos bichanos. “Estamos indo no tempo dele para que tudo ocorra bem”.

Évelin e a nova moradora Marie

E você, também está no processo de introdução estruturada do seu bichano? Já passou por esta fase? Conte pra gente aqui nos comentários 😉

Fontes:

Dra Larissa Rüncos – https://www.instagram.com/p/CFKabefFnPw/ 

Perito Aninal – https://bit.ly/2ZQgkc3 

Blog da Sofie – https://bit.ly/2ZNwIKq 

*Agradecimento especial à Évelin Oliveira que concedeu esse depoimento para o blog.

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